Após entrevistar mais de 500 mil pessoas por telefone, uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup nos Estados Unidos, entre os anos de 2010 e 2011, contribuiu para cristalizar um conceito comum: a terceira idade é a mais feliz das fases da vida. Pelo menos, deveria ser. Ao contrário dos jovens, que passam a maior parte do tempo tentando ganhar dinheiro para construir uma família, em condições ideais de temperatura e pressão, vovôs e vovós não têm mais tantas responsabilidades e, com saúde e um bom pé de meia, podem dedicar tempo a outras atividades prazeirosas, como, por exemplo, conhecer o mundo.
Outra pesquisa, a Hábitos de Turismo na Terceira Idade, realizada pelo Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração –, revela que 32,9% das pessoas acima de 60 anos viajam de duas a três vezes por ano, e 46,7% permanecem menos de sete dias no destino escolhido.
Entre muitos detalhes, o estudo mostra que os viajantes idosos gostam de áreas serranas, praias, áreas rurais, cidades culturais, resorts e destinos com neve. Além disso, check-in antecipado para evitar filas, ficha médica com remédios utilizados e seguro-viagem estão entre os serviços que os turistas da terceira idade gostariam que as agências oferecessem.
De acordo o gerente do departamento internacional da BWT Operadora, Luis Jesus, os idosos normalmente optam por viagens em grupo, com programação específica e temática. Na opinião dele, a melhor idade viaja muito, mas faltam produtos dirigidos. “É preciso que as agências formatem pacotes compatíveis, com guias de perfil adequado, paradas estratégicas e visitação de lugares acessíveis. Você não vai levar um grupo de idosos para conhecer a Igreja da Penha, no Rio de Janeiro. São mais de 300 degraus”, diz. A comunicação com o cliente também é importante. “Os idosos dificilmente recusam uma viagem. É um público ativo”, explica.
Em 1997, a Venturas & Aventuras, de São Paulo, lançou o projeto Velhinho é a Mãe. Durante o ano todo, diferentes grupos partem para os mais variados destinos, como Egito, Patagônia, Amazônia e Pantanal. A única exigência é ter mais de 60 anos. Mais de 500 viajantes já embarcaram pelo programa. A próxima viagem é para Los Roques, na Venezuela. Serão sete noites por US$ 2.450 por pessoa.
Boa notícia
A população idosa brasileira deve chegar a 65 milhões de pessoas em 2050, de acordo com o relatório Envelhecendo em um Brasil Mais Velho, do Banco Mundial. E esse público está na mira de diversos segmentos da economia. No turismo não é diferente. O Ministério do Turismo pretende reativar o programa Viaja Mais Melhor Idade até o fim do primeiro semestre deste ano.
Lançado inicialmente em 2008, o programa dá benefícios e concede linhas de crédito para que a população mais velha possa viajar mais durante a baixa temporada (outono e primavera), pagando muito menos. O projeto está sendo discutido com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, instituições privadas e a CVC.